Dias 4 e 5 de fevereiro acontecem o 9º Simpósio Somiti da Ligami e o 4º Simpósio Multiprofissional e Interdisciplinar das Ligas Acadêmicas de Emergência e Medicina Intensiva. O evento tem início às 19h30, no auditório do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais – CRM MG. Os eventos promovem a seleção de acadêmicos de medicina que desejam integrar a Ligami.
A vice-presidente da Abramede MG e gestora da Somiti, Maria Aparecida Braga afirma que a Liga Acadêmica de Medicina Intensiva tem por objetivo aprofundar o estudo desta especialidade no âmbito da graduação, enquadrando-se como atividade de extensão, que juntamente com pesquisa e ensino constituem o tripé universitário. “Representa oportunidade para o estudante de graduação conhecer aspectos teóricos e práticos da medicina intensiva, indo além das atividades da grade formal do curso, e para obter pontuação adicional em seu currículo.”
Todos os anos o tema Sepse é o assunto principal do Simpósio da Ligami. Para Saulo Saturnino, intensivista e coordenador da atividade, não há escolha mais adequada, dadas as grandes mudanças propostas em condutas e conceitos diagnósticos nos últimos anos, bem como a prevalência e a alta letalidade da síndrome. Desde a publicação da última diretriz em 2012/2013 (1) condutas e conceitos incorporados e amplamente adotados tem sido alvo de reavaliação e reconsiderações.
O especialista afirma que a sepse é a principal causa de mortalidade em UTIs gerais. “Diante deste momento, o Simpósio da Ligami representa não só para estudantes de graduação, mas também para profissionais atuantes na medicina intensiva, uma oportunidade de discussão e atualização destes tópicos tão relevantes, atuais e controversos para o cuidado de pacientes sépticos.”
Estudos e resultados
Nos artigos anunciados, de acordo com Saturnino, os objetivos de ressuscitação publicados por Rivers (2) foram reavaliados por três grandes estudos multicêntricos que não confirmaram a redução de mortalidade inicialmente descrita (3,4,5). Além da ressuscitação, novos objetivos no manejo ventilatório também foram validados (6).
Ele acrescenta que os achados de síndrome de resposta inflamatória sistêmica, considerados pouco específicos para o diagnóstico de sepse grave, também foram alvo de reavaliação e se mostraram, mais que inespecíficos, pouco adequados. Mais de 109.000 pacientes com infecção e disfunção orgânica foram analisados e foi estimada a perda do diagnóstico de um paciente com sepse grave a cada oito pacientes avaliados (7).
Novas definições para sepse, reconhecidas como uma necessidade desde a publicação do primeiro consenso, foram propostas (8). “Longe da unanimidade continuam provocando discussões, mas reafirmando a importância do reconhecimento precoce e abordagem adequada para o resultado satisfatório.” (9,10,11).
Referências
1) Dellinger RP, Levy MM, Rhodes A, et al Surviving sepsis campaign: international guidelines for management of severe sepsis and septic shock: 2012. Crit Care Med. 2013 Feb;41(2):580-637
2) Emanuel Rivers, M.D., M.P.H., Bryant Nguyen, M.D., Suzanne Havstad et al Early Goal-Directed Therapy in the Treatment of Severe Sepsis and Septic Shock N Engl J Med 2001; 345:1368-1377
3) ProCESS Investigators A randomized trial of protocol-based care for early septic shock. N Engl J Med. 2014 May 1;370(18):1683-93
4) ARISE Investigators; ANZICS Clinical Trials Group Goal-directed resuscitation for patients with early septic shock. N Engl J Med. 2014 Oct 16;371(16):1496-506
5) Mouncey PR1, Osborn TM2, Power GS1 Protocolised Management In Sepsis (ProMISe): a multicentre randomised controlled trial of the clinical effectiveness and cost-effectiveness of early, goal-directed, protocolised resuscitation for emerging septic shock. Health Technol Assess. 2015 Nov;19(97)
6) Amato MB1, Meade MO, Slutsky AS et al Driving pressure and survival in the acute respiratory distress syndrome. N Engl J Med. 2015 Feb 19;372(8):747-55
7) Kaukonen KM, Bailey M, Pilcher D, Cooper DJ, Bellomo R. Systemic inflammatory response syndrome criteria in defining severe sepsis. N Engl J Med. 2015 Apr 23;372(17):1629-38
8) Singer M, Deutschman CS2, Seymour CW et al The Third International Consensus Definitions for Sepsis and Septic Shock (Sepsis-3). JAMA 2016 Feb 23;315(8):801-10.
9) Simpson SQ. New Sepsis Criteria: A Change We Should Not Make. Chest. 2016 Feb 26. pii: S0012-3692(16)41523-0
10) http://ilas.org.br/upfiles/arquivos/justificativa-pt.pdf
11) Levy, M.M., Evans, L.E. & Rhodes, A. The Surviving Sepsis Campaign Bundle: 2018 update. Intensive Care Med (2018). https://doi.org/10.1007/s00134-018-5085-0
