Os alunos do Cusro para Residentes e Especializandos em Medicina Intensiva (Cremi) conferiram, dia 13 de agosto, módulo sobre “Síndrome de hipertensão intracraniana e herniação”. A aula foi ministrada no teatro Oromar Moreira, na sede da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), pelo médico Leandro Braz de Carvalho. Ele é intensivista e coordenador dos cursos FCCS da Somiti.
“A parada cardíaca está para o paciente cardiológico assim como a hipertensão intracraniana está para o paciente neurológico”, compara. O médico alerta que a síndrome de hipertensão é uma situação de emergência que demanda abordagem rápida por meio de um fluxograma de atendimento e de tratamento, desde a identificação até o tratamento por etapas. “É uma situação extrema que pode levar ao óbito do paciente em curto período de tempo”, diz.
De acordo com Carvalho, o fluxograma tem por objetivos reconhecer os sinais e sintomas de herniação cerebral e pressão intracraniana elevada. Além disso, é relevante aplicar uma estratégia em etapas para reversão da herniação e/ou redução da pressão intracraniana.
Abaixo, confira 7 fatos sobre a síndrome da hipertensão intracraniana.
1. O que seria a hipertensão intracraniana?É uma elevação aguda, súbita e que perdura por determinado período de tempo na pressão dentro do crânio. Para isso, é necessário medir a pressão intracraniana e saber seus valores de referência,
2. Situações e valores de referência. Em um paciente que está deitado, a pressão intracraniana equivale a pressão venosa central. Quando se está de pé, a pressão intracraniana é menor do que a pressão venosa central. Se houver esforço físico maior, como tosse ou espirro, a pressão intracraniana pode se elevar rapidamente, sem necessariamente trazer consequências imediatas. O volume intracraniano normal é praticamente constante por muito tempo. Quando há um súbito aumento do volume intracraniano, isso pode levar a uma rápida elevação da pressão intracraniana.
3. Mudanças de paradigmas. 20mmHg: este foi o valor de referência durante muito tempo. Pacientes que mantinham pressão intracraniana acima deste valor tinham maiores possibilidades de sequelas neurológicas e morte. No entanto, trabalhos mais recentes têm citado valores diferentes de referência como 22mmHg, o que seria mais adequado como limite. Quando a pressão se mantém acima de 22 por mais de cinco minutos, considera-se que há pressão intracraniana elevada ou hipertensão intracraniana.
4. Pressão de perfusão cerebral.É a quantidade de sangue que vai chegar ao cérebro. Tem relação direta entre a pressão arterial e a pressão intracraniana. Segue a fórmula: Pressão arterial média – pressão intracraniana = pressão de perfusão cerebral.
5. Etiologias do “brain code”. São compostas por três grupos e representam situações que podem elevar a hipertensão intracraniana. Fazem parte do processo extra-axial: hematoma epidural; hematoma subdural; empiema subdural; tumor cerebral extra-axial e pneumoencéfalo. Fazem parte do processo Focal Cerebral: tumor cerebral; AVE isquêmico; hemorragia intracerebral; TCE (contusões hemorrágicas) e hidrocefalia. Fazem parte do processo difuso cerebral: traumatismo crânio encefálico; HSAE aneurismático; meningite/encefalite; desordens neurológicas inflamatórias não infecciosas; encefalopatia hepática; encefalopatia tóxico-metabólica e encefalopatia hipóxico-isquêmica.
6. Considerações pediátricas. O manejo de hipertensão intracraniana em crianças deve ser análoga aos adultos. Fontanela aberta não significa que os lactentes não possam desenvolver maior PIC e herniação. Em crianças com menos de 5 anos, PPC deve ser maior que 40mmHg e em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, PPC deve ser superior a 50mmHg.
7. Circunstâncias especiais.Cerca de 1% de crianças com cetoacidose diabética (CAD) desenvolvem edema cerebral grave. Estão entre os fatores de risco a idade, ressuscitação agressiva com fluidos, infusões de bicarbonato de sódio e redução da glicose sérica. Neste contexto, salina hipertônica é preferível a manitol.
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