Dia nove de abril, o cardiologista Jailton Neves Fernandes ministrou o módulo ‘Síndrome coronariana sem supra de ST’ para os alunos do Curso para Residentes e Especializandos em Medicna Intensiva (Cremi), na Associação Médica de Minas Gerais (AMMG).
No início do módulo, o cardiologista destacou as dificuldades que os profissionais atuantes em UPAs e CTIs enfrentam ao estratificar e diferenciar as três principais síndromes coronarianas: infarto agudo do miocárdio com supra de ST, infarto agudo do miocárdio sem supra de ST e angina.
Inicialmente, a trombose completa deve ser diferenciada da trombose parcial. “No infarto com supra, há uma obstrução total do lúmen e alterações no eletrocardiograma que vão nos mostrar o supradesnivelamento”, explica. Em casos de trombose parcial, ou oclusão não total da artéria, passa-se para a troponina; o eletro não vai estar necessariamente normal em relação ao supra e ainda pode apresentar outras alterações que evidenciem isquemia, tais como assimetria da onda T e o infradesnivelamento.
De acordo com o cardiologista, quando não há alterações no eletro, deve-se partir para a troponina. “Quando a troponina der resultado positivo, indica-se infarto sem supra. Quando o resultado da troponina for negativa, há angina instável”, explica.
Terceira definição universal de IAM
De acordo com a terceira definição, a elevação ou queda gradativa dos biomarcadores é um dos fatores que ajudam a diagnosticar o IAM. “É preciso ter cuidado tanto com a elevação como com a queda da troponina”, alerta.
Ainda é necessário associar tal queda ou elevação aos seguintes fatores: sintomas isquêmicos, alterações no ecg compatíveis e exames de imagem que evidenciam perda da viabilidade ou contratilidade segmentar anormal.
A terceira definição universal de IAM também contempla cinco categorias de IAM, sendo o primeiro o mais recorrente:
- IAM tipo 1: espontâneo, relacionado a rotura de placa aterosclerótica
- IAM tipo 2: alteração entre oferta e consumo de oxigênio
- IAM tipo 3: morte súbita
- IAM tipo 4a: ocorre após angioplastia
- IAM tipo 4b: trombose de stent
- IAM tipo 5: geralmente ocorre após cirurgia cardíaca
Preditor de dor de origem isquêmica
De acordo com Fernades, para avaliar a dor de origem isquêmica, é necessário identificar o tipo e a localização da dor de origem isquêmica, tais como opressão/aperto ou queimação, sendo as mais comuns dos tipos retroesternal, precordial e epigástrica; a irradiação para partes do corpo como ombros, braço, mandíbula, pescoço e dorso, sendo ainda necessário identificar os sintomas associados
O médico ainda destacou os fatores desencadeantes das dores que também servem para aliviá-las, tais como exercício, frio e estresse.
Conclusão
No final do módulo, ele instruiu os residentes a adotarem as seguintes condutas na Terapia Intensiva:
- Avaliar imediatamente os pacientes após a sua chegada à emergência.
- Estratificar o risco para eventos isquêmicos (IAM, isquemia recorrente e morte), valendo-se dos scores de risco conhecidos e de sua experiência clínica.
- Utilizar aspirina, segundo antiagregante, heparinização plena, betabloqueador, inibidor de enzima de conversão/Bloqueador de receptor de angiotensina, Estatina, Nitrato (S/N).
- Avaliar indicação de tratamento conservador ou invasivo precoce.
- Alta com orientação médica (medicação otimizada) e dietética.
- Controle de fatores de risco e reabilitação cardiovascular.
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