O cirurgião cardiovascular e angiologista Rodrigo de Castro Bernardes, referência em doenças da aorta, ministrou palestra no módulo do Curso para Residentes e Especializandos em Medicina Intensiva (Cremi), dia dois de abril, no auditório Borges da Costa, na Associação Médica de Minas Gerais (AMMG).
Especialista em doenças da aorta, consideradas comuns nos dias de hoje, Bernardes é coordenador do Centro de Tratamento das Doenças de Aorta de Minas Gerais, com funcionamento no Hospital Madre Teresa (HMT).
No início do módulo, que contou com a apresentação de slides com imagens e vídeos com casos, diagnósticos e tratamentos de aortopatia, o médico relembrou o início de sua trajetória no HMT no final dos anos 80. À época, o jovem cirurgião cardiovascular tomou conhecimento da altíssima taxa de óbitos de pacientes com dissecção aguda de aorta no pós-operatório. Diante dessa situação, “se sentiu desafiado a mudá-la. E conseguiu.”
Anel intraluminal
O resultado foi o desenvolvimento do anel externo para prótese de aneurisma da aorta, patenteado em 1993 e que lhe abriu várias portas. Também conhecido como anel intraluminal, o tratamento possibilita anastomose sem sutura em qualquer região da aorta, desde a aorta ascendente até a aorta infra-renal.
De acordo com o médico, o emprego da prótese intraluminal para o tratamento da dissecção aguda de aorta do tipo A em conjunto com o pinçamento da aorta durante nove minutos é capaz de reduzir a taxa de óbitos: de acordo com ele, são cerca de 13% de mortes registradas, ao passo que 87% dos pacientes sobrevivem ao procedimento.
O desenvolvimento do anel abriu várias portas para Bernardes, além de ter contribuído para tornar o Hospital Madre Teresa referência em tratamento de doenças da aorta no Brasil e na América Latina. Ainda em 1993, o especialista foi o cirurgião mais jovem a receber o Prêmio Nacional de Cirurgia Cardíaca, o que o projetou nacional e internacionalmente. Dentre as diversas publicações nacionais e internacionais, destaca-se o capítulo que escreveu no livro “Aortic Arch Surgery – Principles, Strategies and Outcomes”, de Joseph S. Coseli, autoridade mundial em cirurgia da aorta.
As cinco classificações dos aneurismas
Durante o módulo, Dr. Rodrigo reforçou a importância da identificação e da classificação da doença da aorta antes da escolha certa de seu tratamento.
- A primeira classificação de aneurismas diz respeito à integridade da parede, considerando que existem o aneurisma verdadeiro e o pseudoaneurisma, sendo necessário diferenciá-los. O aneurisma verdadeiro ocorre quando todas as paredes da aorta se dilatam, ao passo que o pseudoaneurisma é um hematoma pulsátil que se comunica com uma artéria por meio de um pertuíto na parede arterial, formando um colo que comunica a artéria a uma ou mais cavidades, possibilitando os fluxos sistólicos.
- A segunda classificação de aneurismas diz respeito à sua localização e, assim, existem os diversos tipos: aorta ascendente, arco aórtico, aorta descendente, aorta tóraco-abdominal e abdominal infra-renal.
- A terceira classificação se dá pela morfologia, ou seja, o aneurisma é classificado como sacular ou fusiforme.
- A quarta classificação é sobre a integridade do aneurisma: estável, expandido, roto ou roto contido.
- Por fim, a quinta classificação de aneurismas é etiológica: aterosclerótico, dissecante, inflamatório, traumático, sifilítico, micótico, aortite, pós estenótico e boca anastomótica.
Indicação cirúrgica
Bernardes destacou os elementos que devem ser considerados na indicação de cirurgia para o paciente com aneurisma:
- diagnóstico completo,
- diâmetro do aneurisma,
- complicações,
- condições do paciente,
- risco do segmento,
- experiência da equipe,
- técnica cirúrgica,
- ansiedade do paciente.
São os exames indicados para o diagnóstico de aneurismas de aorta: ultra-som, aortografia, ecocardiograma, angio-ressonância magnética e angiotomografia.
As aulas do Cremi acontecem toidas às terças-feiras, na sede da AMMG, 18H30, e a inscrição é gratuita. Particie!