Didático, divertido, multimídia e com destaque para a parte prática, sem deixar a teoria de lado. Assim foi o módulo “Indução em sequência rápida e preparo da via aérea para intubação”, ministrado pelo anestesiologista e intensivista Leandro Pereira Vieira, na terça-feira do dia 12 de março, na Associação Médica de Minas Gerais (AMMG).
No início do módulo, o anestesiologista destacou que o mesmo é um resumo do curso MAVIT/SOMITI, do qual é coordenador, e alertou que a intubação mal realizada acarreta prejuízos tanto para a saúde do paciente como para a reputação do médico, uma vez que correm várias ações judiciais contra profissionais da saúde em função desta falha.
Afinal, por que pacientes morrem antes, durante e após a intubação?
Confira algumas causas segundo o especialista:
- Insuficiência respiratória.
- Hipotensão arterial, pressão cai mais ainda.
- Hipercalemia fatal.
- Aspiração de conteúdo gástrico.
Ainda há casos de pacientes que morrem por hipoxemia, e não pelo fato de serem intubados, além daqueles com anatomia desfavorável ou via aérea difícil, o que torna mais desafiador atendê-los. Felizmente, existem soluções práticas que evitam esses e outros óbitos por intubação.
A importância da comunicação
Além das técnicas e equipamentos indispensáveis, a importância da comunicação entre os membros da equipe e da multidisciplinaridade também foi destacada. “Não é possível fazer tudo sozinho ao atender um paciente grave”, disse.
O briefing verbal, procedimento realizado em todos os voos militares, consiste em orientar previamente a equipe sobre o que vai acontecer.
Já a comunicação em alça fechada ocorre durante o procedimento. O solicitado repete o que o solicitante pediu e, em seguida, confirma a execução do pedido, o que ajuda a ter mais precisão e entrosamento entre os membros da equipe.
Após o procedimento, o dabriefing consiste em reunir a equipe para dialogar e fazer um balanço sobre os seguintes pontos: quais foram os pontos positivos? Quais podem ser melhorados? O dabriefing estruturado consiste em traçar plano de ação para todo ponto negativo localizado e, assim, tornar a equipe mais capacitada com o tempo.
Como não ter problemas com a via aérea?
Para evitar problemas com a via aérea, é necessário adotar soluções simples, planos alternativos, tentar cada um deles duas vezes e tomar decisões automáticas.
O plano A consiste em colocar o paciente na posição olfativa, que assim deve ser realizada: a cabeça do paciente é estendida e, ao final da extensão, a região occital precisa permanecer em cima do coxim.
Por sua vez, fazem parte do plano B a manobra de BURP, que consiste na compressão na cartilagem de tireóide e é indicado para a melhor visualização durante a laringoscopia, e a utilização do bougie, dispositivo recomendado em casos de intubação difícil que possibilita a melhor visualização da abertura glótica.
O plano C deve ser acionado quando não for possível entubar paciente de jeito nenhum e há impossibilidade de ventilar. O uso da máscara laríngea, cujo preço é, em média, R$80, salva paciente de intubação complicada e evita que ele morra de hipoxemia. Recomenda-se andar com esse item na mochila.
O plano D deve ser acionado quando o paciente não consegue abrir a boca. Demanda o uso de tubo laríngeo.
Ao final do módulo, os alunos tiveram a oportunidade de praticar a intubação com máscara laríngea no manequim, prática semelhante à oferecida no curso MAVIT e tão demandada nas rotinas das terapias intensivas.