Definida como uma condição/síndrome na qual o sistema respiratório torna-se insuficiente em cumprir sua função de oxigenar o sangue arterial. É uma condição que, na forma mais grave, pode levar o indivíduo ao óbito.
Sabendo-se que a insuficiência respiratória pode ser a manifestação inicial de uma série de patologias, independentemente de doença respiratória prévia, fica clara a importância do manejo criterioso dessa condição clínica por parte da equipe de saúde.
Por sua complexidade, os profissionais devem manter-se atualizados em relação às causas, sintomas e diagnóstico da patologia. A seguir, confira informações importantes relacionadas à insuficiência respiratória aguda.
A insuficiência respiratória aguda
A insuficiência respiratória aguda é uma condição que está relacionada a falha nos processos fisiológicos da troca de gases. A insuficiência no sistema respiratório, além da falha na oxigenação do sangue arterial, pode vir acompanhada ou não da dificuldade de eliminação de dióxido de carbono (CO2) de sangue venoso misto.
A insuficiência respiratória surge quando um ou mais desses processos são comprometidos. O distúrbio pode se instalar em horas ou dias, causando sinais e sintomas variados que podem alternar entre leves e graves.
Classificação
A insuficiência respiratória pode ser classificada em
- tipo I ou hipoxêmica;
- tipo II ou hipercápnica;
- tipo III ou mista.
Na insuficiência respiratória hipoxêmica, também classificada como tipo I, é a forma mais comum e se caracteriza pela hipoxemia grave (PaO2 <60mmHg). Vários mecanismos, como os descritos a seguir, podem desencadear a hipoxemia observada na IR, a qual pode ser refratária à suplementação de O2:
- baixa pressão parcial de O2 inspirado;
- comprometimento da difusão;
- relação ventilação/perfusão (V/Q) alterada;
- derivação cardíaca da direita para a esquerda.
Na insuficiência respiratória hipercapnica, ou de tipo II, ocorre aumento da concentração de CO2 no sangue arterial (PaCO2 >50mmHg). Pode ocorrer de forma aguda ou insidiosa em pacientes já com hipercapnia crônica. Em todas essas condições, o denominador comum é a redução da ventilação alveolar para uma determinada produção de CO2.
Na insuficiência respiratória tipo III ou mista (apresenta etiologia pulmonar e extrapulmonar) se refere à associação entre deficiência de oxigenação e ventilação. É a forma menos frequente, em que se observa falência ventilatória e de oxigenação. Ocorre redução da oxigenação na mesma magnitude do que a tipo I, combinada com aumento na concentração de CO2 em menor escala do que a apresentada na tipo II.
Fisiopatologia
A insuficiência respiratória ocorre por diferentes mecanismos fisiopatológicos e, de acordo com a sua classificação, a fisiopatologia da doença é substancialmente diferente.
A insuficiência respiratória hipoxêmica pode ocorrer por:
- desequilíbrio da relação ventilação-perfusão;
- shunt direito-esquerdo;
- distúrbios da difusão do gás;
- hipoventilação alveolar;
baixa fração inspirada de oxigênio..
Já a insuficiência respiratóriahipercápnica pode ocorrer por:
- Alterações do drive respiratório central
- Alterações dos motoneurônios e degenerações musculares
- Alterações em vias aéreas, pulmões e caixa torácica
Quadro clínico
As apresentações clínicas da insuficiência respiratória aguda podem ser variadas. Contudo, a sintomatologia mais relevante da insuficiência respiratória é a dispneia, ainda que não exista sempre correlação entre sua gravidade e as alterações gasométricas.
As manifestações clínicas da insuficiência respiratória podem ser respiratórias, como dispneia, sibilos, uso de músculos acessórios da respiração, tiragens intercostais e respiração paradoxal. Podem levar a alteração da oxigenação do paciente, evidenciada por cianose central e periférica e saturação de O2 <90%.
As manifestações podem surgir como alterações cardiovasculares, como taquicardia, arritmia cardíaca, hipertensão arterial, hipertensão pulmonar ou ainda como alterações neurológicas, como cefaleia, estupor, confusão mental, coma.
Diagnóstico da insuficiência respiratória
O diagnóstico dos pacientes com insuficiência respiratória deve ser o mais precoce, pois o tratamento adequado precisa ser imediato para que o sistema respiratório e os demais órgãos e tecidos permaneçam sem comorbidades. Os métodos mais utilizados para diagnosticar a insuficiência respiratória baseiam-se nos seguintes aspectos:
- história clínica informativa;
- exame físico detalhado;
- exames complementares adequados.
O exame físico do tórax desses pacientes deve ser detalhado, avaliando todos os sinais de falência respiratória, incluindo análise do padrão muscular respiratório, frequência respiratória (FR) elevada com uso de musculatura acessória da respiração, presença de tiragens intercostais e movimento paradoxal do abdome com assincronia toracoabdominal. Esses sinais indicam fadiga muscular respiratória e necessidade de suporte ventilatório.
Entre os sinais clínicos presentes, a hipoxemia surge como um dos principais, podendo ser facilmente identificada por meio da gasometria arterial. Na análise da gasometria arterial, identifica-se qual função pulmonar está alterada, se oxigenação e/ou ventilação, auxiliando no diagnóstico e a classificação da insuficiência respiratória como hipoxêmica e/ou hipercápnica.
A insuficiência respiratória aguda é um distúrbio frequente na área da saúde. Portanto, é essencial manter os profissionais treinados e capacitados para o diagnóstico, atendimento e tratamento correto e adequado.
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Referências:
Neves LMT, José A, Santos MCS, Rocha RSB. Insuficiência respiratória: conceitos e implicações em fisioterapia em terapia intensiva. In: Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva; Martins JA, Reis LFF, Andrade FMD, organizadores. PROFISIO Programa de Atualização em Fisioterapia em Terapia Intensiva Adulto: Ciclo 9. Porto Alegre: Artmed Panamericana; 2019. p. 11–44. (Sistema de Educação Continuada a Distância, v. 4).
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