O ‘Junho Vermelho’ foi criado há três anos para lembrar a população da importância da doação de sangue. O mês foi escolhido porque no dia 14 celebra-se o ‘Dia Mundial do Doador de Sangue’. É nesta época também que há uma redução de 30% nos estoques dos bancos de sangue. Os motivos atribuídos são a queda da temperatura, aumento de resfriados e a chegada das férias. Em entrevista ao Jornal Hoje em Dia, a gestora de qualidade da Somiti e presidente da Abramede MG, Maria Aparecida Braga, alertou para o problema. “Qualquer queda em um banco de sangue pode provocar um desequilíbrio no fluxo de funcionamento dos hospitais, por exemplo. Quando um paciente dá entrada em um hospital, sendo para uma cirurgia eletiva ou para um procedimento de urgência, nós não sabemos se ele precisará de sangue e, se sim, o quanto será. Para isso, não há previsibilidade. O banco de sangue deve sempre estar abastecido para servir à emergência.”
A responsável pelo setor de captação do Hemocentro de Belo Horizonte (Fundação Hemominas), Hellen Heloiza Dupim, acrescentou que é possível que na época de férias aumentem os acidentes nas estradas e as unidades de saúde necessitem de maior estoque de sangue, colaborando ainda mais para um cenário desfavorável. Dados fornecidos no inicio de junho pela Fundação Hemominas mostram que os estoques estratégicos – calculados pela amostragem das demandas anteriores – ainda estão positivos em 16%. No entanto, os tipos com fator RH negativo, que são os mais raros, estão em baixa. De forma significativa, o tipo O negativo, doador universal, com 30% menos em estoque. Já o AB negativo está 2% abaixo do esperado. Em geral, os negativos registram queda de 23% no Hemocentro de Belo Horizonte.
Mobilização
As campanhas são necessárias, mas ainda não são suficientes, é o que consideram as especialistas. “Acredito ser por uma questão cultural mesmo. Em um país em que vivemos tantos problemas e temos uma falta de educação generalizada, tomar a iniciativa para doar sangue acaba ficando para depois. As pessoas precisam criar a consciência da importância da doação de sangue”, coloca Braga.
Já para Hellen Dupim, da Hemominas, a falta de informação da população é um dos principais entraves a serem vencidos. “O sangue não pode ser substituído por nenhuma medicação. Ele só é obtido pela doação, não existe outra forma. Pessoas precisam dele todos os dias, então precisamos de doações todos os dias”, observa.
Condições para ser um doador de sangue
– Para doar sangue, o candidato deverá estar alimentado. Se for doar pela manhã, uma refeição sem gorduras. Após almoço ou jantar, deve-se aguardar três horas;
– O candidato à doação deve comparecer em condições plenas de saúde. Se estiver apresentando qualquer sintoma, mesmo que leve, deverá aguardar a melhora;
– Frequência cardíaca e pulso devem estar regulares e serem analisados pelo médico. A pressão arterial é aferida no momento da doação, assim como a temperatura, que não poderá exceder 37°C;
– Podem doar sangue pessoas entre 16 e 69 anos e com mais de 50 quilos. Idosos somente poderão doar caso já tenham realizado uma doação antes dos 60 anos e devem respeitar o intervalo de seis meses entre elas;
– O candidato deve ter dormido, pelo menos, quatro horas, sentindo-se descansado no momento da doação.