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Grávidas em UTI’s: Cuidados necessários
25 de setembro de 2019
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O tema Grávidas em UTI’s merece atenção. A gestante na urgência é uma condição rara, mas de potencial gravidade.

Atualmente ainda há uma baixa quantidade de estudos sobre o tema. Porém, houve um aumento nos últimos anos, sobretudo pelo fato de que as gestantes formam um grupo excluído dos trabalhos randomizados na área de Terapia Intensiva.

Afinal, o que leva as gestantes a serem internadas?

Conforme o especialista Mauro Moraes de Araújo Gonçalves, existem vários fatores de risco para doenças hemorrágicas dentro da gravidez.

Sendo assim, é fundamental reconhecer que, muitas vezes, a doença hipertensiva e a doença hemorrágica acontecem concomitantemente. Ou seja a doença hipertensiva é causa e fator de risco da hemorrágica.

Além disso, fatores como idade, doenças prévias e condições pré-gestacionais também colocam em risco a paciente no puerpério.

Para lidar com grávidas em UTI’s, é preciso o diagnóstico e o tratamento precoce, a monitorização contínua e o uso do escore OEWS (Obstetric Early Warning Score), que respeita as variáveis fisiológicas da gestação e outras variáveis. Veja abaixo 9 considerações sobre grávidas em UTI’s.

É raro encontrar grávidas em UTI’s?

Segundo Gonçalves, a cada 1.000 admissões em UTI’s, uma é de paciente grávida.

Enfim, não se espera que isso aconteça na gravidez. Mas quando acontece, é bem estressante, uma vez que essas pacientes costumam ter características fisiológicas distintas da média.

Causas das grávidas nas UTI’s

Há causas diretas da gestação para que hajam grávidas nas UTI’s, como por exemplo, sangramento relacionado ao parto e doença hipertensiva.

Além disso, há causas indiretas durante o ciclo gravídico, a exemplo de infecção crônica, hepatite C e cirrose.

Indicações de grávidas em CTI

São fatores que justificam a internação de grávidas em CTI: disfunção circulatória e/ou respiratória grave; disfunção orgânica nova; risco de piora funcional das doenças de base; complicações anestésicas e OEWS maior que 7.

Obstetric Early Warning Score

A OEWS, ou Obstetric Early Warning Score, é uma tabela que aponta em uma escala de 0 a 3 em quais valores as variáveis pressão sistólica, pressão diastólica, frequência respiratória, frequência cardíaca, temperatura, saturação e nível de consciência são preocupantes em gestantes.

Assim, cada variável é somada e, a partir disso, avalia-se o estado de saúde da gestante. Os valores presentes na escala 0 são esperados na fisiologia e, assim, não marcam pontos no escore de gravidade.

Outros escores

Além do método OEWS, há outros escores de prognóstico. O APACHE II superestima gravidade na gestante em até quatro vezes.

Já o SOFA possui boa correlação com o near miss e especificidade menor que 70%.

Causas de admissões de grávidas em UTI’s

Entre as causas de admissões de gestantes em UTI’s, as síndromes hemorrágicas e hipertensivas representam até 65% dos casos.

Mas, além destes fatores, há a sepse, doenças relacionadas ao sistema circulatório, complicações anestésicas do parto e eventos embólicos.

Alterações fisiológicas na reta final da gestação

Dentre as alterações fisiológicas na reta final da gestação, a partir da 32a semana, a gestante passa a acumular muito líquido.

Consequentemente, o débito cardíaco apresenta significativo aumento. Os mecanismos hormonais vão se adaptando ao longo da gravidez e, ao final deste período, a mulher se encontra hipervolêmica, o que leva a medula a produzir quantidade maior de eletrócitos e glóbulos brancos.

A quantidade de hemácias também costuma ser alta nessa fase da gravidez. No entanto, a quantidade de massa de água é maior ainda, produzindo uma anemia dilucional.

Situação da rede pública no Brasil

O grande problema dentro do sistema de saúde pública brasileiro é que muitos desses casos são reconhecidos em unidades com menos recursos em cidades do interior e que acabam vindo para uma cidade de maior porte, a exemplo de Belo Horizonte.

Assim, esse transporte muitas vezes coloca a paciente em condições de risco, sendo que o transporte deveria ser feito com a paciente mais estabilizada.

Portanto, esse é um grande problema, uma vez que se perde o timing de tratar essa doença grave na sua fase aguda.

Hemorragia puerperal

É fundamental que o profissional de saúde reconheça esta hemorragia. A grande maioria, cerca de 70%, vem da hipotonia do útero. E isso é uma entidade, um contexto de diagnóstico clínico.

Então, o profissional que trabalha com esse grupo de pacientes precisa ter a habilidade de aferir os dados vitais, reconhecer o sangramento na fase aguda do puerpério e fazer apalpamento do abdômen da gestante para reconhecer o tônus uterino.

Veja também: Emergências Hipertensivas: definição e cuidados necessários

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