O estudo do especialista e professor Dr. José Renato de Melo, instrutor do curso FCCS da Somiti e coordenador da UTI do Hospital das Clínicas Samuel Libânio, em Pouso Alegre (MG), foi selecionado e premiado na sessão ‘Pôster Discussion’ da American Thoracic Society International Conference .
O trabalho corresponde a sua tese de Doutorado na USP, na disciplina de Pneumologia e compara as estratégias que evitam o colapso pulmonar. Seu orientador é o professor Marcelo Amato, internacionalmente conhecido com dois trabalhos publicados no New England, que mudaram paradigmas da ventilação mecânica.
O estudo de Melo é um experimental fisiológico em porcos, que usa uma tecnologia nova muito promissora, segundo ele, chamada de ‘Tomografia de Impedância Elétrica’ (TIE).
Foi desenvolvido no Laboratório de Investigação Médica da Faculdade de Medicina da USP (LIM09), onde são realizados inúmeros estudos científicos, em animais e em humanos, sobretudo em ‘Síndrome do Desconforto Respiratório’, também conhecida como SARA – Síndrome da Angústia Respiratória do Adulto.
“Tal ferramenta possibilita monitorização ventilatória não invasiva, tendo em vista otimizar a ventilação e proteger o pulmão de insultos causados e/ou potencializados pela própria ventilação mecânica. Meu estudo compara estratégias que evitam o colapso pulmonar através da TIE em um modelo experimental com animais submetidos à ventilação mecânica”, explica.
Confira, abaixo, o resumo e o pôster do estudo desenvolvido:
Resumo 7902 (tradução livre):
Efeitos interativos da PEEP e FIO2 durante anestesia: diferentes consequências indicadas pela Tomografia computadorizada (TC) X Tomografia por Bioimpedância elétrica (TIE).
Autores: J.R. Melo, B.M. Ribeiro, M.A.M. Nakamura, C.C.A. Morais, M.A. Beraldo, S. Gomes, M.B.P. Amato, M.R. Tucci; Pulmonary Division, Heart Institute (InCor), Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. São Paulo/BR
Tipo: Resumo científico
Tópico: 27. Structure, Function and Mechanism / Adult / Advances in Pulmonary Measurements / Respiratory Structure and Function (RSF).
RESUMO (tradução livre)
Atelectasia é comum durante anestesia geral associada à ventilação mecânica (VM). O uso de baixa fração inspirada de oxigênio (FIO2) e alta pressão positiva expiratória final (PEEP) pode reduzir a quantidade de atelectasias pulmonares. Nosso objetivo foi avaliar a diferença dos efeitos da PEEP e FIO2 no colapso pulmonar, aeração e ventilação regional durante 1 hora de VM, em porcos saudáveis durante anestesia.
Métodos: neste estudo experimental tipo “crossover”, 8 leitões saudáveis (3035 Kg) receberam manobras de recrutamento (MR) em ventilação com pressão controlada (pressão inspiratória máxima de 45 cmH2O) seguidos de decréscimos estruturados da PEEP guiados pela Tomografia por Bioimpedância elétrica (TIE) iniciando com PEEP= 21 cmH2O até ZEEP (PEEP=0). PEEP ótima foi definida como a menor PEEP que mantivesse menos de 3% do pulmão colapsado, como estimado pela TIE. Os leitões foram ventilados por períodos de 1 hora (ventilação a volume controlado, VT= 6 ml/Kg), submetidos a quatro diferentes configurações (sequência randomizada): a) FIO2= 40% e PEEP= 3; b) FIO2=40% e PEEP ótima; c) FIO2= 100% e PEEP= 3; d) FIO2= 100% e PEEP ótima.
A condição de linha de base antes de cada configuração de VM consistiu em 5 minutos de VM sob o melhor PEEP precedido por uma MR. A monitorização por TIE foi contínua e TC foi realizada em 3 momentos: Condição de linha de base, 5 minutos após configuração randomizada, e 60 minutos após configuração randomizada.
Medições: TC quantitativa inteira, mecânica (normallizadas pela condição da linha de base), colapso pulmonar e ventilação regional na região dorsal dos pulmões (4 ROI gravitacionais) estimados pela TIE.
Resultados: A média de valores da PEEP ótima foi 12 (1113) cmH2O. Baixa PEEP (PEEP=3) deterioraram a mecânica pulmonar e aeração quando comparados à PEEP ótima, independente da FIO2 (Tabela 1). Após a redução da PEEP, houve uma mudança imediata na complacência pulmonar e um imediato deslocamento de ventilação das regiões dorsais para regiões ventrais (Tabela 1), associado à perda progressiva na aeração das regiões dorsais, que foi mais rápido no FIO2 maior. O FIO2 mais baixo manteve uma aeração significativamente mais alta na TC pulmonar, mas sem diferenças significativas na mecânica pulmonar ou na ventilação regional pela TIE (Tabela 1).
Tabela 1:
Conclusões: O uso de PEEP otimizada reduziu marcadamente a quantidade de atelectasia detectada por ambas as imagens tecnológicas, independentemente das condições da FIO2. No entanto, em PEEP baixo, o uso de FIO2 elevado amplificou a quantidade de colapso medido pela TC (especialmente o colapso precoce), enquanto o comprometimento na mecânica regional detectado pela TIE foi imediato e equivalente em ambas as FIO2. Assim, as conseqüências de uma estratégia PEEP baixa, especialmente na configuração de baixa FIO2, podem ser melhor divulgadas pelo TIE do que pela TC.
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