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Especialista alerta sobre resistência bacteriana
3 de outubro de 2018

Os alunos do Curso para Residentes e Especiaizandos em Terapia Intensiva (Cremi) conferiram no dia dois de outubro a aula sobre o tema ‘Resistência das bactérias: como enfrentar essa realidade das UTIs brasileiras?’, ministrada pelo especialista em Terapia Intensiva e em Clínica Médica Eduardo Fonseca Sad.

A resistência das bactérias aos antimicrobianos é um problema crescente no mundo e representa grande preocupação da Organização Mundial da Saúde (OMS). O problema também é reconhecido pelo ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama, pelo ex-primeiro ministro britânico Tony Blair e pela chanceler da Alemanha Angela Merkel.

De acordo com estudo de 2014 solicitado pelo governo britânico e supervisionado pelo economista Jim O´Neil, se nada for feito para mudar essa situação, as superbactérias irão matar 10 milhões de pessoas por ano até 2050. Atualmente, 50% dos casos de febre nas UTIs são causados por infecções.

Diante dessa situação alarmante, o que deve ser feito para minimizar essas estatísticas? Primeiro, é preciso refletir sobre o que vem sido feito para contribuir com essa situação. Durante a aula do Cremi, os participantes conheceram algumas práticas ‘duvidosas’, a exemplo do uso de regras de correção predeterminadas – tal prática é responsável pelo uso de doses inapropriadas em até 44% dos pacientes.

Sad ressalta a importância do gerenciamento de antibióticos, prática que deve ser recorrente de agora em diante, com o intuito de minimizar a resistência bacteriana e, assim, evitar problemas como infecções graves, longa permanência dos pacientes na UTI, óbitos e aumento de transmissão de bactérias. Para que isso aconteça, os profissionais de saúde devem escolher a droga certa para o paciente, levando em conta suas características, na hora certa, na dosagem certa e com a duração certa.

A escolha criteriosa também envolve procedimentos como a colheita de amostras microbiológicas apropriadas e a interpretação cuidadosa dos resultados; evitar o uso de antibióticos somente para tratar febres; quando indicado, início da antibioticoterapia empírica baseado no sítio provável da infecção e o uso de combinações de antibióticos somente em situações onde exista benefício clínico comprovado, dentre outros “mandamentos” apresentados na aula.

Sad recomenda aos profissionais de saúde que atuam em emergências isolar os pacientes que apresentam resistência bacteriana, assim como fazer o uso de luvas, gorros, aventais e máscaras, mecanismos de barreiras que evitam a transmissão cruzada das bactérias para outros pacientes da UTI.

Outra medida básica que evita a transmissão de bactérias é lavar bem as mãos antes de tocar no paciente ou higienizá-las com álcool, atitudes que ajudam a diminuir a resistência bacteriana.

O médico ainda chama atenção para um mal presente não apenas nas UTIs mas em todos os locais: o uso de celulares. De acordo com Sad, esses aparelhos são contaminados com bactérias e podem ser considerados como uma origem potencial de infecções nosocomiais nas UTIs.

A grande preocupação de Sad, compartilhada por outros profissionais e estudiosos, é que não haverá armas para lidar com essas bactérias no futuro, por isso o controle das infecções e da resistência bacteriana deve ser feito no presente, sendo extremamente importante não só para a UTI, mas para a comunidade mundial.

 

 

 

 

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