O presidente da Associação Brasileira de Medicina de Emergência (Abramede), Luiz Alexandre Alegretti Borges, participou, dia 17 de junho de 2016, da posse da diretoria da Regional Minas Gerais. Ele falou sobre o futuro da medicina de emergência no Brasil, o reconhecimento da especialidade e o papel da entidade na capacitação profissional.
Qual a importância do reconhecimento da especialidade de emergência?
A importância desse reconhecimento é total. Representa uma mudança de paradigma no atendimento dos pacientes que chegam às emergências. Até hoje eles eram atendidos pelos médicos gerais, de múltiplas especialidades. O paciente chega na emergência com um infarto, uma gravidez ectópica, uma crise de asma e vai ser atendido sabe-se lá por quem. Todo médico tem um conhecimento de emergência básico, que aprendeu na faculdade, outros são autodidatas e buscam mais recursos ao longo da profissão, mas estão muito longe de serem especialistas em crise de emergência. O reconhecimento da especialidade irá resultar em mais e melhor capacitação, revertida em qualidade da assistência.
Quais os próximos passos?
Abrimos 24 programas de residência no país, 12 adultos e 12 pediátricos, e a procura foi imediata, só nesse movimento de reconhecimento pelos Ministérios da Saúde e Educação e entidades médicas. Organizamos as primeiras residências em locais com grande experiência no academicismo, hospitais universitários, hospitais escolas e pretendemos, a partir do ano que vem, dobrar este número. E assim sucessivamente.
Como estamos em relação aos outros países?
Atrasados. A medicina de emergência está presente não só nos países de primeiro mundo. A especialidade é reconhecida também na América Latina. Peru, Venezuela e Chile já tratam a emergência como uma especialidade há 25 anos. As pessoas passam três anos estudando todas as situações de emergência: AVC, derrame, sangramento, animal peçonhento, grande queimado, dentre outros, e então vão atender as questões agudas, como o intensivista atende na UTI e depois de estabilizado o quadro passa para o especialista. Nos EUA a residência que tem menor tempo tem três anos e a média é de quatro a cinco, só em emergência. Nosso desafio na formação é em longo prazo.
O que muda para o profissional que atua hoje nas emergências?
Nós temos a partir do reconhecimento da especialidade que instituir um programa para formar este profissional por meio da residência médica em emergência. Só que são poucas vagas para suprir toda a necessidade de médicos que trabalham nesta área no Brasil. Deve demorar de 40 a 50 anos para conseguirmos suprir a demanda. Vamos então, enquanto sociedade de especialidade, desenvolver e garantir programas de treinamento para os médicos que atuam nas emergências. Eles não vão perder o seu espaço, nem o seu emprego, de forma nenhuma. Eles serão treinados e ao completarem os módulos propostos farão a prova de título e se tornarão especialistas, não sendo necessária a residência.
Qual o papel das Regionais da Abramede?
Hoje nós temos 20 Regionais da Abramede. Elas são as grandes responsáveis pelo contato com os médicos em suas localidades. Nós vamos desenvolver diversos cursos básicos, divididos em módulos, e as Regionais serão as responsáveis pela disseminação deste conhecimento. Da mesma forma atuarão na defesa profissional, na educação continuada e na troca de experiências. O Governo está inclusive muito interessado nessa capilaridade, com possibilidades de apoiar, com verbas, o deslocamento dos instrutores, visando melhorar o atendimento da população.
O I Congresso Abramede MG e XV Congresso Mineiro de Medicina Intensiva abordará os principais e mais atuais temas da emergência.
Conheça a programação em: http://www.congressosomiti.org.br/
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