Os departamentos de Fonoaudiologia da Somiti e da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (Amib), coordenado e presidido pela fonoaudióloga Maria Carolina Moraes, alertam para o Dia Nacional de Atenção à Disfagia, comemorado nesta quarta-feira, 20 de março.
Segundo Moraes, esse ano o objetivo é apresentar aos diversos serviços de Terapia Intensiva a importância da existência de um protocolo que identifique os riscos de broncoaspiração nos pacientes críticos. “Dessa forma, os serviços serão incentivados a construir um protocolo gerenciado para melhor assistência aos pacientes.
O tema da Campanha é: Recomendação do Protocolo de Prevenção à Pneumonia de Aspiração na Unidade de Terapia Intensiva. O slogan: “Broncoaspiração – Unidos para a Prevenção”.
A presidente do departamento da Amib conta que ações para a data já são tradicionais. “O que estamos propondo é que fonoaudiólogos de todo o país discutam fatores de risco e ações de prevenção para a broncoaspiração com suas equipes. Esses profissionais serão treinados e devem relatar as conversas por meio de ata. O departamento irá analisar as ações e riscos mais citados para pensar o protocolo” ressalta.
Para ela, a disfagia é apenas um dos fatores de risco para a broncoaspiração. Segundo a fonoaudióloga, existem outros fatores que competem a outras áreas de atuação do hospital e, por isso, a atuação multidisciplinar sobre o tema é necessário. “A campanha é extremamente importante em uma época em que a gente discute muito a segurança e o cuidado com o paciente. Hoje temos ações para evitar certos riscos (como queda, alergias e infecções), e também é importante criarmos ações para evitar o risco da broncoaspiração” finaliza.
O que é a broncoaspiração?
É a entrada de substâncias estranhas nas vias áereas inferiores, podendo gerar complicações além das doenças pulmonares, como desnutrição grave e óbto.
A broncoaspiração aumenta as taxas de morbidade, mortalidade, prolonga o tempo de internação e eleva os custos hospitalares.
Quais os fatores de risco?
- Pacientes críticos a partir dos 65 anos têm quatro vezes mais chancer de pneumonia;
- intubação ortotraquel prolongada representa 35% dos casos;
- alterações neurólogicas associadas à disfagia podem aumentar em até sete dias o tempo de internação;
- doenças e cirurgias de cagbeça e pescoço são 50,6% dos casos;
- tosses e engasgos;
- refluxo gastroesofágico.
Como prevenir?
- Realizar aspiração de vias aéreas superiores sempre que necessário.
- Em caso de vômito e distensão abdominal, interromper a administração da dieta, abrir a sonda para drenagem e comunicar o médico.
- Administrar dieta por via oral sempre com o paciente sentado (de preferência a 90o) a menos que haja contraindicação médica.
- Realizar a manutenção da pressão do Cuff (balonete) de TOT e TQT.
- Durante a alimentação por via oral, atentar-se para os sinais de alerta como tosse, engasgo, cianose, sudorese e voz molhada. O fonoaudiólogo deverá ser chamado para avaliar o paciente na presença destes sinais.
- Para pacientes pediátricos com dieta intermitente, realizar o teste de refluxo de 4/4 h ou 6/6 h. Interromper infusão e comunicar o médico se o volume de refluxo for superior a 50% do volume infundido.