As falhas que acontecem no desmame da ventilação mecânica ocorrem porque a condução da internação do paciente não é adequada, conforme o fisioterapeuta da Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), Daniel da Cunha Ribeiro.
“Há casos de ventilação em pacientes sem necessidade, com desfecho negativo”, explica o profissional.
Sendo assim, como o desmame demanda cerca de 40% do tempo de ventilação mecânica, a retirada é um processo delicado e preocupante, digno de muita atenção. Veja abaixo 10 fatos sobre desmame da ventilação mecânica.
Qual é a diferença entre o desmame da ventilação mecânica e a extubação?
O desmame é a retirada gradual ou abrupta do suporte ventilatório mecânico. Já a extubação é a retirada do tubo endotraqueal.
Quais são os tipos de desmame da ventilação mecânica?
Os tipos de desmame são classificados como simples, difícil e prolongado, o que deve ser levado em consideração no momento da transição para a ventilação mecânica.
- Desmame simples: quando o paciente obtém sucesso no primeiro Teste de Respiração Espontânea (TRE), sendo este tipo de desmame o mais frequente.
- Desmame difícil: acontece quando o paciente falha no primeiro TRE e necessita de até três TRE ou até sete dias após o primeiro TRE para sair da ventilação mecânica.
- Desmame prolongado: Quando o paciente falha em mais de três TREs consecutivos ou demanda mais de uma semana após o primeiro TRE para sair da ventilação mecânica.
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Qual ocorre o sucesso do desmame?
O sucesso do desmame ocorre quando o paciente obtém aprovação no TRE, mesmo conectado ao ventilador.
Quando ocorre o sucesso de extubação?
O sucesso de extubação ocorre em casos de paciente que tem a prótese endolaríngea retirada (extubação) após passar no TRE e não é reintubado nas próximas 48 horas.
No caso dos traqueostomizados, a extubação é considerada bem-sucedida quando o paciente tolera desconexão do ventilador após passar no TRE e não precisou voltar a ser reconectado ao ventilador nas 48 horas seguintes.
É necessário o uso de protocolos de desmame?
Para considerar o uso de protocolos de desmame, segundo o fisioterapeuta, é preciso ponderar os dois lados da questão. Afinal, paciente não tem padrão. Ou seja, é preciso considerar suas individualidades.
No entanto, quando não há protocolo, há a influência de pensamentos, anseios e conceitos das pessoas envolvidas no cuidado. “Isso é muito perigoso”, adverte. “É preciso ter um protocolo, sim, mas ele não deve ser padrão”. Ele ainda acrescenta que o protocolo serve para ser seguido e, se necessário, pode ser modificado e flexibilizado.
Como conciliar teoria e prática no desmame da ventilação mecânica?
Conforme Ribeiro, “Às vezes, não é possível fazer com exatidão na prática clínica o que a ciência manda, uma vez que nossas realidades são diferentes”, diz, em referência a pesquisas realizadas fora do país.
Ele destaca que, no Brasil, o tempo médio que separa o resultado de um estudo até a sua prática clínica é de 17 anos. Neste período, mudanças exponenciais ocorrem na área da saúde.
Quando o uso de protocolo é favorável?
Considerando pesquisas realizadas de 1996 a 2009, os seguintes itens são favoráveis ao uso do protocolo: duração do tempo da ventilação mecânica, do desmame e da estadia em Terapia Intensiva.
Quais são os critérios para considerar a aptidão para o desmame?
Os critérios para considerar a aptidão para o desmame são:
- A causa da falência respiratória resolvida ou controlada.
- Hemodinâmica estável, com boa perfusão tecidual, com ou sem doses baixas de vasopressores, ausência de insuficiência coronariana descompensada ou arritmias com repercussão hemodinâmica.
- Se o paciente capaz de iniciar esforços inspiratórios.
- Balanço hídrico zerado ou negativo nas últimas 24 horas.
- Equilíbrio ácido-básico e eletrolítico normais
Qual é o alerta para adiar a extubação?
Deve-se adiar a extubação quando houver programação de transporte para exames ou cirurgia com anestesia geral nas próximas 24 horas.
Avaliação pós-extubação
Para a avaliação pós-extubação deve-se considerar os seguintes itens: a capacidade de tossir do paciente; a necessidade de suporte ventilatório não invasivo e a capacidade de se manter em ventilação espontânea.
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