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‘Crise asmática severa’ preocupa
31 de maio de 2019

O pneumologista e intensivista Marco Antônio Soares Reis explica que a crise asmática severa é uma doença que registra dois milhões de visitas por ano em emergências. Destes pacientes, cerca de 3% necessitam de intubação e ventilação mecânica. “Há registros de 6 mil mortes por ano em decorrência da crise asmática”, diz.

Conheça mais 15 fatos sobre crise asmática severa

  1. Progressão lenta. É caracterizada por deterioração após seis horas e representa de 80 a 90% dos casos de crise asmática, sendo desencadeada por infecção. Nestes casos, a resposta é mais lenta, além da obstrução ser menos grave e da inflamação ser predominante.
  2. Progressão rápida. É caracterizada pela deterioração em menos de seis horas. Representa de 10 a 20% dos casos de asma, sendo desencadeada por alérgenos, exercícios e estresse. Nestes casos, a obstrução é mais grave e a resposta é rápida e broncoespástica.
  3. Escalas de gravidade da crise de asma. A crise asmática é classificada de leve a moderada quando Pico de Fluxo Expiratório (PFE) é maior que 50%, o estado mental do paciente é normal, a frequência cardíaca é menor que 110, SpO2 é maior que 95% e quando há ausência do uso de musculatura acessória. A crise asmática é grave quando o PFE é de 30 a 50%, estado mental é normal, a frequência cardíaca é maior que 110, SpO2 de 91 a 95% e o uso de musculatura acessória é moderado. A crise asmática é muito grave em paciente que apresenta PFE inferior a 30%, agitação, frequência cardíaca maior que 140, SpO2 menor que 90% e uso de musculatura acessória acentuado.
  4. Objetivos terapêuticos. O tratamento da crise de asma severa tem os objetivos de tratar a infecção respiratória, se presente; reduzir a resistência das vias aéreas; melhorar a oxigenação e repousar a musculatura respiratória.
  5. Tratamento farmacológico. A crise asmática severa deve ser tratada com antibioticoterapia, broncodilatadores (b2-agonistas e brometo de Ipratrópio) e corticóides.
  6. Indicações de Suporte Ventilatório na Crise Asmática. Os critérios clínicos são os melhores, tais como exaustão muscular progressiva; parada respiratória ou bradipneia acentuada; parada cardíaca e alteração do sensório (letargia ou agitação). Por sua vez, a acidose respiratória inicial isolada não é indicada.
  7. Cuidados com a Intubação Traqueal. Há risco de piora do broncoespasmo. O Propofol tem efeito broncodilatador e provoca rápido despertar e a Ketamina tem efeito broncodilatador.
  8. Recomendações pós-Intubação Traqueal. Ventilar manualmente com frequência respiratória superior a 10 ipm e leves insuflações. Quando a hipotensão arterial persiste, o pneumotórax deve ser excluído.
  9. Hipoventilação com baixo volume corrente e baixa frequência respiratória. Foi usada em 34 episódios de crise asmática quase fatal nos anos 1980, sem qualquer ocorrência de óbito ou barotrauma. Provocou acidose respiratória por Hipercapnia controlada. Desde então, o método é adotado em casos de doenças obstrutivas.
  10. Programação. Primeiramente, deve-se sedar o paciente. Nesta etapa, os medicamentos indicados são midazolan, propofol, fentanil e ketamina. Recomenda-se evitar o curare. Em seguida, o repouso muscular respiratório acontece no intervalo de 24 a 48 horas. Posteriormente, a escolha do modo ventilatório (VCV ou PCV) deve ser feita.
  11. Redução de complicações. Para que isso aconteça, deve-se evitar os seguintes itens: pressão de pico maior que 50 cmH20; pressão de platô maior que 30 cmH2; volume minuto elevado (< 110ml/Kg ou < 10L/min) e auto-Peep maior que 15 cmH2O.
  12. Auto-Peep: papel da Peep externa. O ciclo espontâneo facilita a contração isométrica inspiratória. Reduz limiar de disparo inspiratório e o trabalho respiratório. Deve-se titular a peep de acordo com o conforto do paciente e com a redução tanto da frequência respiratória como do uso de musculatura acessória.
  13. Complicações. Dentre as principais complicações causadas por crise asmática destacam-se o barotrauma, complicação frequente e temida; miopatia ou tetraparesia flácida; hipotensão e às vezes choque devido ao aumento da pressão intratorácica e da auto-Peep, hipovolemia ou venoplegia causada pela sedação e curarização.
  14. Sulfato de Magnésio Endovenoso. Seu uso produz efeitos como relaxamento da musculatura, melhora da função pulmonar e redução da admissão hospitalar. É especialmente benéfico em casos de pacientes com VEF1 menor que 20%.
  15. Ventilação Não-Invasiva por Máscara Nasal e Facial. Um estudo prospectivo, randomizado e placebo-controlado realizado em 2003 analisou 15 pacientes para grupo BIPAP e 15 placebo em departamento de emergência. Verificou-se melhora funcional (VEF1) maior no grupo BIPAP. A porcentagem de hospitalização foi de 17,6% no grupo BIPAP e 62,5% no grupo controle.

 

O tema foi abordado dia 28 de maio no Curso para Residentes e Especializandos em Medicina Intensiva (Cremi).

 

 

 

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