Conforme o médico Leandro Braz de Carvalho, intensivista e coordenador dos cursos FCCS da Somiti, a parada cardíaca está para o paciente cardiológico assim como a síndrome da hipertensão intracraniana está para o paciente neurológico.
Carvalho alerta que a síndrome de hipertensão intracraniana é uma situação de emergência, que demanda abordagem rápida por meio de um fluxograma de atendimento e de tratamento, desde a identificação até o tratamento por etapas.
Ainda de acordo com o intensivista, é uma situação extrema que pode levar ao óbito do paciente em curto período de tempo.
Neste sentido, o fluxograma tem por objetivos reconhecer os sinais e sintomas de herniação cerebral e pressão intracraniana elevada.
Além disso, é relevante aplicar uma estratégia em etapas para reversão da herniação e/ou redução da pressão intracraniana. Veja abaixo 7 considerações sobre a síndrome da hipertensão intracraniana.
O que é a hipertensão intracraniana?
A hipertensão intracraniana é uma elevação aguda, súbita e que perdura por determinado período de tempo na pressão dentro do crânio. Para isso, é necessário medir a pressão intracraniana e saber seus valores de referência.
Situações e valores de referência da pressão intracraniana
Em um paciente que está deitado, a pressão intracraniana equivale a pressão venosa central. Quando se está de pé, a pressão intracraniana é menor do que a pressão venosa central.
E se houver esforço físico maior, como tosse ou espirro, a pressão intracraniana pode se elevar rapidamente, sem necessariamente trazer consequências imediatas.
Assim, o volume intracraniano normal é praticamente constante por muito tempo. Quando há um súbito aumento do volume intracraniano, isso pode levar a uma rápida elevação da pressão intracraniana.
Mudanças de paradigmas
20mmHg foi o valor de referência durante muito tempo. Pacientes que mantinham pressão intracraniana acima deste valor tinham maiores possibilidades de sequelas neurológicas e morte.
No entanto, trabalhos mais recentes têm citado valores diferentes de referência como 22mmHg, o que seria mais adequado como limite.
Ou seja, quando a pressão se mantém acima de 22 por mais de cinco minutos, considera-se que há pressão intracraniana elevada ou hipertensão intracraniana.
O que é pressão de perfusão cerebral?
Pressão de perfusão cerebral é a quantidade de sangue que vai chegar ao cérebro.
Assim, tem relação direta entre a pressão arterial e a pressão intracraniana. Para isso, segue a fórmula: Pressão arterial média – pressão intracraniana = pressão de perfusão cerebral.
Etiologias do “brain code”
As etiologias do brain code são compostas por três grupos e representam situações que podem elevar a hipertensão intracraniana.
Assim, fazem parte do processo extra-axial: hematoma epidural; hematoma subdural; empiema subdural; tumor cerebral extra-axial e pneumoencéfalo.
E fazem parte do processo Focal Cerebral: tumor cerebral; AVE isquêmico; hemorragia intracerebral; TCE (contusões hemorrágicas) e hidrocefalia.
Além disso, fazem parte do processo difuso cerebral: traumatismo crânio encefálico; HSAE aneurismático; meningite/encefalite; desordens neurológicas inflamatórias não infecciosas; encefalopatia hepática; encefalopatia tóxico-metabólica e encefalopatia hipóxico-isquêmica.
Considerações pediátricas sobre hipertensão intracraniana
O manejo de hipertensão intracraniana em crianças deve ser análoga aos adultos. Assim, fontanela aberta não significa que os lactentes não possam desenvolver maior PIC e herniação.
Neste sentido, em crianças com menos de 5 anos, PPC deve ser maior que 40mmHg e em crianças e adolescentes de 6 a 17 anos, PPC deve ser superior a 50mmHg.
Circunstâncias especiais
Cerca de 1% de crianças com cetoacidose diabética (CAD) desenvolvem edema cerebral grave.
Assim, estão entre os fatores de risco a idade, ressuscitação agressiva com fluidos, infusões de bicarbonato de sódio e redução da glicose sérica. Neste contexto, salina hipertônica é preferível a manitol.
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